Capítulo 5: A festa



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vi a grande sala, linda por sinal, tinha móveis vermelhos e dourados virados para um grande televisor de LCD, o piso era feito de mármore e granito que juntos formavam um grande desenho de formas geométricas que transitavam do tom branco até o cinza. O lustre central era cromado com varias lâmpadas para baixo em formato de gota, no meio uma escada que levava ao segundo andar, mas nada de festa, surpresa, pessoas ou comida, nada. 
- Será que a história do cinema é verdade? Será que eles desistiram da minha festa? - pensei totalmente desanimada.
Quando, vi Stefanni descendo a grande escadaria central, ela pisava nos degraus revestidos em carpete vermelho, enquanto segurava do lado esquerdo do grande corrimão.
- Oi, Clair! - disse ela ainda descendo.
- Senhorita todos já chegaram. - disse Adam.
Percebi que Tiffane e Chris estavam do meu lado ainda impressionados assim como eu.
- Chris, Tiffane, Clair subam, meu pai está no escritório dele.- disse Stefanni no chamando.
Subimos a escada ainda totalmente impressionados.
- Bom... aqui não serei mais útil. - disse Adam. - Boa noite para todos. - completou desejando.
- Obrigada! - respondi continuando a subir os degraus.
- Uma boa noite para você também Adam. - falou Stefanni que nos encontrou um pouco acima do meio da larga escadaria.
- Vamos, vou avisar meu pai que vocês já chagaram. - disse para nós virando e subindo o restante dos degraus.
Assim que subi todos os degraus pude ver Stefanni com os braços abertos novamente.
- Feliz aniversário irmãzinha. - disse.
- Obrigada. - disse baixo.
Não queria ser compactada novamente, mas o que poderia fazer? Cedi ao abraço dela que estranhamente foi gentil e caloroso.
- Oi, Tiffane.- ela falou enquanto lhe dava um abraço.- Oi, Chris. - concluiu beijando a bochecha dele, enquanto ele envergonhado ficou sem fala.
- O escritório dele é logo ali! - disse ela.
- Onde está o Tomas? - perguntou Tiffane.


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- Ele está em uma competição em outra cidade e vai ficar lá por mais ou menos uma semana até que meu pai volte de viagem. - Stefanni respondeu.
- E você? - perguntei.
- Eu não sei, acho que é isso que meu pai quer resolver. - ela respondeu.
- Isso está indo longe demais para ser um plano de festa surpresa. - pensei. - Será que eu que estava imaginando coisas? - completei confusa.
Enquanto continuávamos a andar Stefanni nos mostrava onde ficava cada lugar na casa dela a medida que passávamos na frente da porta, quando finalmente:
- Pronto é aqui! - disse ela.
Era uma porta diferente das outras era maior e com enfeites em cima, Stefanni abriu a porta que estava encostada, mas seu pai não estava lá. Era um lugar lindo, o chão era revestido com um carpete vermelho e as paredes de madeira, tinha varias estantes da mesma cor das paredes com centenas de livros que cobriam praticamente todas as paredes menos uma que havia uma janela de sacada enorme coberta por uma cortina  também vermelha e mais ao centro do carpete uma mesa redonda de vidro com detalhes dourados, Steffani voltou e foi em direção a escada.
- Meu pai deve estar lá atrás, lá tem um outro escritório e ele as vezes vai para lá. - explicou começando a andar até a escadaria novamente.
- Lá atrás? Como assim? - pensei.
- Vamos Clair! - disse Chris correndo junto com Tiffane até a escadaria.
- Eu que não vou correr de novo! - falei.


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Mas eles novamente não ouviram meu protesto. Porém andei assim mesmo, logo após perdi eles de vista.
- Já desceram?! - pensei.
Me esforcei um pouco e corri até a escadaria, quando olhei para baixo lá estavam os três me esperando.
- Vamos logo! - disse Tiffane assim que percebeu que eu havia chegado a escadaria.
- Ok, estou indo! - exclamei.
Desci a escadaria enorme segurando firmemente no corrimão. Assim que cheguei ao chão, Stefanni saiu correndo para o lado direito.
- É por aqui venham! - gritou Stefanni já um pouco afastada.
- Vamos!!! -falou Tiffane.
- Eu não consigo correr!!! - gritei.
Eu sabia que eles haviam ouvido, porém simplesmente mais uma vez me ignoraram.
- Clair, o pai dela pode já ter ido embora. Se esforce um pouco. - disse Tiffane.
Sem ter onde pisar, não disse nada apenas corri atrás mesmo sentido a calça pinicar.
 Atravessamos a parte da sala de estar e fomos parar em um sala pequena, sem nada, com as paredes verdes e rodapés de madeira e uma outra porta de frente. Era uma porta cinza de fibra que abria sendo empurrada pelo corpo, típica de restaurantes. E lá estava eu na cozinha, era muito linda, tinha pisos quadriculados em preto e branco, que davam uma estética incrível, os fogões eram cromados e dourados, porém comparada com os outros cômodos era pequena, mas comparada a minha sala de estar era enorme. Enquanto permanecia impressionada todos os três já estavam atravessado uma porta na direção, porém na parede oposta de onde havíamos entrado.
Corri até lá, vi ainda longe, a escuridão do quintal de trás da casa que estava sendo iluminado por algumas luzes ao fundo. Atravessei  a porta de madeira e fechei-a, virei e me deparei com uma outra casa menor do que a que estara antes porém ainda sim grande, que se encontrava ao fundo da paisagem. Havia um caminho de terra com pequenas pedras que ficavam entre o grama e caminho. Comecei a atravessar ainda atrás de Tiffane, Stefanni e Chris, eles chegavam cada vez mais perto da casa enquanto eu ainda novamente 


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impressionada com  o tamanho da mesma percebia  luzes amareladas que saiam das janelas. 
- Deve ser o pai da Stefanni. - pensei não sabendo mais no que acreditar.
Stefanni que estava correndo na frente chegou na casa e parou esperando todos chegarem, logo, apenas a mim. Quando finalmente cheguei, Stefanni girou a maçaneta dourada na porta de madeira, soltando uma luz muito intensa, por um segundo não vi nada, pisquei e assim que eu abri os olhos, ouvi:
- Feliz aniversário, Clair - todos que estavam na sala anunciaram.
Eu que achava que teria que simular uma expressão de surpresa, fiquei despreocupada, porque não havia mais necessidade, a surpresa que eu senti foi totalmente real, tudo era muito lindo, a casa na verdade era um salão enorme com pisos brancos e vermelhos que formavam um desenho lindo, havia um lustre central muito grande que emitia um a luz amarelada por todo o salão, mais ao lado duas mesas cheias de comida e aperitivos e entre elas uma outra mesa quadrada forrada com pano vermelho com a letra "C" inteiramente feito de gelo. Já do lado oposto estavam vários amplificadores de som  e um espaço reservado para um DJ. E no meio, de frente para a porta, de frente para mim, estavam todos os convidados todas as meninas estavam com um vestido vermelho, um mais lindo que o outro e usam mascaras douradas também diferenciadas que tampavam apenas a região dos olhos e os meninos estavam todos de roupa social preta e branca que variavam de peça de um para outro, porém todos com uma gravata vermelha e uma máscara prata. Em resumo era uma das cenas mais importantes da minha vida, tudo estava perfeito, bem acima do que eu esperava e a unica coisa que eu conseguia fazer era ficar parada, totalmente imóvel na verdade o tempo parecia estar passando mais devagar. Eu me sentia em um transe eterno não sentia e nem ouvia nada, quando um som abafado e lento foi se normalizando a minha audição:
- Clair...Clair...Clair... - dizia Sefanni repitindo varias vezes e chegando cada vez mais perto.


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Não respondi, apenas fui até ela e lhe dei um abraço.
- Esse é o mínimo que nós poderíamos por você. - ela disse sussurrando e ainda me abraçando.
Comecei a sentir varias lágrimas escorrendo do meu rosto.
- Obrigada... - disse completamente emocionada e sorrindo.
Assim que nos soltamos ela disse olhando para minha face:
- As lágrimas estão borrando o seu lápis. - me informou rindo e sorrindo.
- Depois de tudo isso a unica coisa que não se encaixa nessa festa sou eu. - disse rindo, porém sendo sincera.
- Não só você, nós quatro não nos encaixamos - disse Chris.
- Se bem que eu não gosto muito de usar vestidos, sou meio gordinha... - disse Tiffane rindo.
Nós quatro rimos muito, me fazendo parar de lacremejar. 
- Agora sério, Clair... sua roupa está lá em cima, subindo a escada é a terceira porta a direita. Nós também vamos nos arrumar.
- Roupa?- perguntei ainda mais surpresa. - Sério? - completei. 
- Claro, ou você  acha que deixaríamos a aniversariante ser a unica que não se encaixa na festa? - Stefanni  respondeu perguntado e sorrindo apenas com os lábios.
Senti uma vontade enorme de chorar novamente, mas me repreendi.
- É melhor você ir, todos estarão te esperando então vá rápido. - Tiffane me alertou.
Dei um passo para frente, tocando meu tênis em um dos pisos vermelhos, no exato momento todos da sala aplaudiram. Muito mais que envergonhada, sai correndo até a escadaria que a pouco não havia percebido, 


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ela estava no canto esquerdo do salão depois das mesas, subi a escada rapidamente, naquele momento estava tão feliz e ansiosa que o pinicar da calça não estava mais incomodando. A escada era grudada na parede.
- Porque a Stefanni falou que era pela direita? É o único caminho possível. - pensei confusa.
Fui andando até a terceira porta, o segundo andar era apenas um estreito corredor feito de madeira que se estendia por toda a parede oposta a da porta, então eu conseguia ver todos os convidados de cima e Tiffane, Steffani e Chris correndo provavelmente para se trocarem.
- Primeira... Segunda... Terceira - contava as portas em meus pensamentos.
Entrei na terceira porta e era simplesmente um banheiro branco com cinza, era mais como um lavabo, porém com uma poltrona branca, e nela estava meu vestido, fechei a porta e o vesti, olhei no espelho de corpo que havia pendurado na parede e observei o vestido, era muito lindo, fica um pouco acima do joelho, tinha uma das mangas caída e diferente dos de todas as meninas o meu vestido era laranja, um tom muito lindo, a parte do dorso era cheia de desenhos de veludo em preto com lantejoulas pequeníssimas, eram flores que refletiam a luz e brilhavam como um flash. Em resumo era muito além de tudo que eu poderia esperar. Fui a pia e lavei meu rosto, a maioria da maquiagem que já estava borrada saiu, abri um pequeno armário do lado do espelho em cima da pia e ele estava cheio de vários tipos de blushes, batons, pancakes, lápis de olho um mais lindo que outro. Após meu auto embelezamento coloquei o scarpin dourado que estava  no chão ao lado na  poltrona e abri a porta. Quando encostei na maçaneta cromada para fechar a porta senti algo estranho encostando em minha mão, quando olho lá estava uma mascara dourada do mesmo tom do scarpin, era perfeita, tinha detalhes em preto que brilhavam assim como meu vestido, peguei-a e a coloquei 


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no pescoço como se fosse um colar deixando-a pendurada pelo elástico. Quando virei para o lado da escadaria para procurar Stefanni e Tiffane, vi um senhor abrindo na porta que estava do lado do banheiro, ele tinha cabelos grisalhos, parecia ter de quarenta e cinco a cinqüenta anos, tinha a pele branca mas não chegava a ser tão clara quanto a de Stefanni nem a de Tomas, tinha os olhos negros acinzentados. Ele me olhou e foi em minha direção.
- Então, você é a famosa Clair que todos falam? - perguntou ele com uma voz serena e arrumando a gravata branca de sua roupa de gala.
- Sim, e o senhor? Quem seria? - perguntei.
- Eu? - perguntou. - Sou o pai da Steffani e do Tomas.- disse sorrindo, do mesmo jeito que Tomas e Stefanni riam, apenas com os lábios e com os olhos quase fechados.
- Desculpe Sr.Shepard... - disse envergonhada.
- Não tem pelo que se envergonhar. - falou. - Você é bem mais bonita do que Tomas descreveu. - informou-me.
Me senti muito envergonhada e feliz ao mesmo tempo.
- Será que ele realmente gosta de mim? - pensei delirando em meus desejos.
- Obrigada... senhor, alias obrigada por tudo isso... - agradeci sem jeito.
- Não agradeça a mim, agradeça a Stefanni e principalmente Tomas, foi ele que deu a idéia primeiramente. - ele disse.
Nesse momento fechei os olhos e em meus pensamentos, já imaginava eu e tomas nos beijando no meio da festa. 
- Mas independente, muito obrig... - comecei a dizer enquanto abria os olhos e parei quando percebi que estava sozinha. 


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- Senhor?... Senhor Shepard? - o chamei enquanto procurava-o olhando para todos os lados, porém muito assustada.
- Ele deve ter voltado para a sala que ele estava antes. - pensei.
Então, fui até a porta e reparei que era diferente das outras, era igual a do escritório que ficava na casa. Encostei na porta que se abriu no mesmo instante, a sala era tão branca que parecia que iria me cegar, tudo era branco, a luz, o chão, as paredes, o teto, os móveis, inclusive os livros tinham as capas brancas dentro das varias estantes brancas do local.
- Que lugar estranho. - pensei.
- Senhor Shepard? - o chamei apenas com a cabeça para dentro da sala "albina".
Entrando na sala repeti:
- Senhor Shepard?
 Enquanto isso reparei em uma mesa redonda de vidro translúcido, uma taça de vinho vazia e em baixo dela uma folha branca. A curiosidade me dominou, peguei a folha deixando a taça intacta no local onde estava. A virei e olhei algo escrito, soltei a folha deixando-a cair no chão e quase cai de susto, havia algo escrito naquela folha, mas assim como no livro que estava na minha casa, era impossível lê-la, as letras permaneciam embaçadas por mais que você tentasse ver. Sai, correndo deixando a folha no chão atravessei a porta que até então estava aberta e a fechei.


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- Clair? - disse Stefanni espantada.
Olhei ao fundo e vi Steffani ao longe, na outra ponta do corredor suspenso com um vestido vermelho liso e uma mascara pendurada em seu pescoço assim como a minha.
- Eu estava te procurando em todos os lugares, onde você estava?- ela perguntou aliviada ao longe.
- Aqui nessa sala. - falei enquanto ela se aproximava correndo com o salto alto que fazia um barulho alto e forte.
- No escritório? - mas meu pai não me se quer me deixa entrar, ai. - Ainda bem que ele realmente viajou, se não teria que ouvir ele reclamando o dia inteiro disse ela já perto de mim.
- Como? - disse espantada. - Eu acabei de ver ele. - disse.
- Isso é impossível Clair, ele foi para Nova Iorque de manhã. - me informou enquanto me sentia louca por dentro.
- Isso é uma piada, não? -  perguntei. 
- Não, é verdade. - ela confirmou. - Mas de qualquer maneira, devemos ir depois falamos sobre isso. Todos estão preocupados. - ela disse me puxando pela mão até a escadaria que estava a poucos passos.
Me deixei levar pelo medo e a tensão que estava sentindo no momento, então resolvi arriscar:
- Foi o Tomas que teve toda a idéia?  - perguntei.
Nesse momento ela parou de correr e me puxar já de frente para a escada prestes a descer.
- Sim , foi ele sim. Como você sabe? - ela perguntou.
- Nada não, foi apenas intuição. - disse não querendo preocupar Stefanni com minha insanidade enquanto começávamos a descer os degraus.
Já no andar de baixo, todos os convidados que estavam no meio do salão, aplaudiram novamente.


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- Coloque a mascara. - disse Stefanni colocando a dela.
- Nós convidamos poucas pessoas, umas sessenta no máximo, achamos que você não gostaria de muitas. - ela me informou.
- Realmente. - pensei.
- Obrigada, amiga. -anunciei.
Enquanto isso atravessávamos o público mascarado que se dividia ao meio assim que nós chegamos perto e se juntava novamente a medida que nós passávamos. Subi ao palco do DJ com Stefanni.
- Esse é o Danny o DJ da festa. - disse Stefanni se referindo ao homem moreno e careca sentado entre os amplificadores de terno convencional e com uma mascara prata.
- Olá Danny. - disse chegando mais perto. 
- Oi Clair, você está linda. - disse olhando para mim. - Parabéns pelo aniversário. Alias, grande festa que seus amigos arranjaram não? Bem, sou um dos primos do Chris, então qualquer coisa que ele fizer me avisa que eu me viro com ele. - disse rindo.
- Obrigada, sim é uma festa linda. - disse virando os olhos para Stefanni. - Não se preocupe Chris é ótimo com todas nós, mas qualquer coisa eu te aviso. - respondi  rindo também.  
- Me dê por favor o microfone Danny? - pediu Stefanni rindo também pela conversa sobre Chris.
- Sim senhora. - respondeu lhe entregando o microfone sem fio que estava em cima da mesa que ele estava sentado de frente.
- Discurso... discurso... discurso... - gritavam os convidados eufóricos.
- Você não tem escolha irmãzinha. - falou Stefanni me entregando o microfone. 
O peguei e olhei para baixo avistando Tomas com a camisa, calça e tênis pretos com apenas a gravata vermelha se destacando.
- Que lindo, pensei. - delirando novamente.
- Discurso... discurso... discurso... - pediram os convidados novamente.
- Como se liga isso? - perguntei alto ao vento.
- Abaixe o pino. - ouvi Danny dizer baixo atrás de mim.


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Encontrei  e abaixei o pino.
- Ok, então... como posso dizer? - falei ao microfone sem saber como me expressar, quando me veio um ar de sentimento e expiração. - Primeiramente, muito obrigada a vocês todos que estão aqui, isso significa muito para mim, muito mesmo, porém gostaria de dar um agradecimento especial a Stefanni que está aqui do meu lado, a Tiffane que eu realmente não sei onde está... - quando falei isso uma mão se levantou, era Tiffane. - Venha aqui Tiffane! - a chamei. - ... voltando...- ri.- ... ao Chris, se você estiver aqui suba também e ... - me arrisquei a dizer. - ...ao Tomas, aquele que teve a idéia dessa festa e o trabalho de organizar uma parte de tudo isso. - nesse momento todos aplaudiram enquanto Tiffane e Tomas andavam até o lado do palco para subir. - Mas então... a amizade de vocês é o que me faz andar todo dia, cada um de vocês são um pequeno fragmento inesquecível da minha vida,  que pretendo de fato nunca esquecer. Vocês, Tiffane, Stefanni, Tomas e Chris... - disse me referindo aos quatro que estavam atrás de mim menos o Chris. - ... de alguma maneira vocês me fazem querer viver, existir, por grande feitos como essa festa até por pequenos feitos com um simples abraço, vocês são tudo. Espero algum dia poder retribuir o sentimento de felicidade que vocês me trazem todos os dias.


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Após virei, para os três e apenas gesticulei:
- Muito obrigada!
Virando novamente continuei.
- Eu me lembro de quando eu entrei pela primeira vez na escola era como se eu estivesse em uma selva, perdida e isolada, cercada de predadores. Mas vocês todos me mostraram o que era necessário para sobreviver nessa selva... - senti meus olhos lacrimejaram novamente. - a amiza...
- Clair, Stefanni... a estatua foi derretida. - gritou um menino mascarado ao longe me interrompendo com uma expressão de susto.
- Como? Quem fez isso? - perguntou Stefanni.
Virei para trás novamente, e observei os movimentos de todos: Stefanni foi em direção aos degraus do palco para descer, enquanto Tifanne ficava olhando para o menino e Tomas simplesmente desapareceu.
- Vem logo Clair- gritou Stefanni correndo em meio a multidão.
- Vamos Clair. - disse Tiffane.
-Nós duas corremos, mas Tiffane empacou enquanto descia.


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- Acho que ela não está acostumada a andar com salto. -pensei enquanto manobrava entre os convidados mascarados atrás de Stefanni.
Chegamos as mesas e realmente alguém havia derretido a grande estatua de gelo em forma de "C". A mesa e o chão estavam totalmente molhados.
- Você viu quem foi Chris? - perguntou Stefanni ao menino.
- Chris? - pensei.
- Acho que sim, eu estava subindo para ir ao banheiro quando ouvi barulhos fortes de saltos virei e vi três meninas correndo. Achei estranho, mas, subi normalmente. Quando voltei eu vi a estatua derretida. - disse ele fazendo com que eu reconhecesse a voz.
- Três garotas? - falou Tiffane com expressão de pensativa e chegando mais perto com ambos os scarpins dourados em mãos.
- Marcy, Anna e Jossy. Aposto que foram elas. - concluiu Steffani.
- Cade o Tomas? - perguntei, mas fui ignorada. – Gente, não se preocupem com isso era só uma estatua... - falei.
- Você não entende Clair, essa estatua não foi comprada... foi o Tomas que a fez. - me explicou Steffani.


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- Desde quando ele sabe esculpir estatuas de gelo? - perguntei achando tudo muito estranho.
- Não sei também. Antes de ontem eu havia comentado com ele sobre comprar uma estatua, meia hora depois ele chegou com a estatua e disse que ele que fez, depois colocamos ela no frigorífico nos fundo da minha casa. Agora nem eu sabia que ele sabia fazer isso também. - justificou Stefanni.
- Tem alguma outra porta que leva a saida? - perguntou Chris tirando a mascara.
- Sim, atrás da escadaria. - respondeu Stefanni.
Todos nós corremos para a porta que dava para outro jardim nos fundos do salão.
-Passando pela porta virei e disse:
- Vem logo Tiffane.
Nessa hora a vi quase escorregar, se segurar na parede e analisar o chão.
- Clair, elas tiraram o salto. Provavelmente para correr melhor, tem varias poças aqui em formato de pés. - ela concluiu.
Virei e vi Stefanni parada olhando para todos os lados junto a Christian.

 
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- Elas já fugiram Stefanni, a Tiffane acabou de falar que viu pegadas de água no caminho.
Ela olhou para mim e demorou alguns segundos para assimilar.
- Mas de qualquer maneira tem uma câmera na entrada e portão está trancado, não teria jeito de fugirem. - disse ela.
- Então... só se... -tentei concluir.
- Encontrei o Tomas! - gritou Tiffane correndo com os pés sujos de lama por não estar calçada.
- Onde? - Stefanni perguntou.
- Ele estava passando com outra escultura dentro do salão.
- Outra escultura? - perguntou Christian.
- Tinha outra escultura Stefanni? - perguntei.
- Não... não que eu saiba... eu entrei no frigorífico hoje quando cheguei da escola e só havia uma. - falou ela pensativa e confusa.
Corremos de volta para o salão esmagando varias flores amarelas no caminho.
Abrimos porta e passamos dando de frente para Tomas com a mascara prateada no rosto tirando um enorme pano de
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algo em cima de um carinho de restaurante daqueles que os garçons levam comida.
- Onde você arrumou essa escultura? - perguntou Tiffane chutando o que havia de baixo do pano.
- Eu tinha uma extra. - explicou ele.
-Mas onde? No frigorífico não estava... pelo menos não até logo depois da escola. - ela o indagou.
- Realmente... eu a fiz depois da escola. - respondeu ele olhando para mim jogando no chão o grande pano revelando a escultura.
- Ele fez duas esculturas só para mim? - pensei sentindo que iria ficar vermelha.
Ele balançou a cabeça positivamente como se estivesse concordando comigo. Fiquei assustada, mas logo conclui a coincidência.
- Você descobriu onde estão as... - começou a dizer Chistian.
- Se você se refere a Anna, Jossy e Marcy. Sim, sei sim... elas falaram que estavam passando mal e Adam abriu o portão para as três.
- Como você sabe que foram elas? - perguntou Tifanne.
- A câmera do portão. - respondeu Stefanni ainda pensativa. - Vamos ligar para a policia isso é caso de vanda...


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- Não vamos a ligar para lugar nenhum e também cansei de andar para lá e para cá, nós todos sabemos quem foram e não a necessidade de chamar a policia, já esta tudo resolvido tem outra escultura logo ali... - exclamei alto cortando a fala de Stefanni e os pensamentos de todos.
- Desculpe Clair... você tem razão é sua festa de dezesseis anos você deveria estar aproveitando e nós também. - concordou Stafanni com uma voz de derrotada.
- Então vamos. - disse Tiffane rindo por um motivo misterioso. -Chris leva a escultura para o centro das mesas, enquanto eu e Stefanni secamos o chão. - concluiu ela com ambos os scarpins nos pés.
- Quando ela os calçou. - pensei impressionada.
- Onde tem panos Stefanni? - ela perguntou.
- Logo ali. - disse Stefanni rindo da reação de Tiffane.
- Então vamos logo. - Ela apressou Stefanni.
- E eu? - perguntou Tomas, mas elas sairam andando e o ignoraram.
- Chris quer ajuda? - perguntou Tomas.
- Não prescisa eu me viro. - respondeu ele.
Nesse momento assimilei o que eles estavam tentando fazer e fiquei extremamente vermelha.


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- Então Clair, vamos? - disse ele estendendo a mão em minha direção.
Segurei sua mão branca e fria como à neve.
- Sim, claro. - respondi sentindo que estava sonhado.
- Fomos até o salão de mãos dadas passando por Chris que estava dobrando o pano branco que ainda estava no chão.
- Você realmente teve a idéia de tudo isso? - perguntei enquanto continuávamos a andar.
- Sim... quer dizer nem tudo... em geral foi eu e Stefanni juntos. - ele explicou. - Sabe a casa e esse salão que meu pai herdou foi feita no final do século XVII então eu resolvi misturar uma festa de aniversário atual com um baile de mascaras da época.
- Obrigada... - disse parando e olhando para ele e provavelmente cortando ele a continuar a falar.
Ele também parou, olhou para mim e chegou seu rosto cada vez mais perto em uma tentativa de me beijar.
- Hã? Clair? - ouvi a voz de Charly atrás de mim.
Espantada como se o que eu estivesse prestes a fazer fosse algo totalmente errado parei e virei para ela. Após virei minha visão para Tomas que estava totalmente vermelho assim como eu e voltei a olhar para ela.

 
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- Olha desculpa atrapalhar... mas é que a musica principal vai começar e eu vim te procurar. - explicou ela.
- Ah! Não tem problema não... - disse sem graça e com certa raiva passageira de Charlotta.
- Vamos. -disse ela enquanto ele segurava minha mão e andávamos novamente em direção aos outros convidados que estavam de costas.
- Eu achei ela!!! - exclamou Charly.
Todos viraram e Tomas soltou minha mão. Quando olhei para o lado ele havia sumido, olhei para o outro e Charly também.
- Resolvi entrar em meio aos convidados que me cumprimentavam.
- Parabéns. - Você está linda. - Muito linda. - Felicidades. - eles gritavam seguindo de assovios eufóricos.
- Obrigada. - Muito obrigada. - respondia aos elogios e desejos. Quando vi Charly virada de costas conversando com alguém.
- Ei... Charly, você viu o Tomas?
- Hã? Não vi não a ultima vez que o vi foi quando ele subiu no palco do DJ. - ela disse.


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- Mas você acabou de nos chamar no meio do salão. - perguntei indignada.
- Eu não ainda não para o meio do salão estava conversando com Jully esse tempo todo. - ela se explicou.
- Novamente... estou louca... como? - pensei confusa e me sentindo insanidade que começei a pensar que não era mas momentanea.
Resolvi não tocar mais no assunto.
- Então desculpa... acho que te confundi então com todas essas pessoas de mascaras é difícil reconhecer quem é quem. - disse atuando.
- Agora pessoal daqui a três musicas, a principal já vai começar então já sabem... arrumem seus pares logo. - informou a todos Danny pelo microfone.
- Três... mas não era a próxima? - pensei.
- Vamos dançar Clair? - disse um menino de cabelos curtos e negros com uma camisa vermelha quase vinho.
Eu reconhecia a sua voz, mas não conseguia lembrar quem era.
- Como uma mascara que tampa apenas a região em volta dos olhos pode influenciar tanto? - pensei.
- Ok! Vamos... - concordei por não ter o que fazer e por curiosidade em saber quem era aquele menino misterioso.


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Sai do salão como ele mandou. Na escuridão dos fundos do salão me encontrava em sentimentos inexplicáveis, sabia que a distancia dela estava me fazendo mal. Não consegui suportar tudo isso mais.
- Por quanto tempo você acha que eu vou continuar com essa mentira? - gritei ao vento sabendo que estava perto.
- Pelo que vejo não por muito tempo... - a voz fria e computadorizada dele foi emitida.
- Onde você está? - perguntei a ele. - prestando atenção em tudo a minha volta mesmo para em uma única posição.
- Isso não importa! Você sabe que não pode haver envolvimento entre vocês! - gritou ele.
- Você espera o que? Que eu me esconda para sempre? - perguntei indignado.
- Você por acaso sabe o que acontecerá se ela descobrir tudo antes da hora? - indagou-me a voz.
- Não... mas provavelmente nada acima do que ser iludida do seu futuro. - gritei não me importando se houvesse pessoas a volta.
- Sim é pior, ela simplesmente morrerá... E você se sentirá culpado pelo resto da vida, porque nesse momento você não está pensando nela e sim em você e a verdade é que se ela souber antes do tempo por egoísmo seu repito, ela morrerá. - disse ele tentando me manipular.


 
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- Como se houvesse algo que você não pudesse alterar. Ela não irá morrer. - disse.
- Pois é exatamente o que estou fazendo. Estou impedindo que isso aconteça novamente. - ele disse alterando a voz. - Meu caro, a escolha é sua... - finalizou.
- Se o que ele diz for verdade então não tenho escolha. - pensei entrando novamente no salão. - Não posso arriscar... - pensei derrotado.
Passei pela porta de trás e vi que já estava tudo arrumado novamente, logo cheguei ao outro lado do salão, já em meio a multidão que dançava freneticamente tentava evitar minha percepção. Subi no pequeno palco pela escada de três degraus.
- Me desculpe. - pensei olhando para ela que dançava com Rafhael.
- Você sumiu dessa festa... onde estava? - perguntou Danny quando me viu.
- Desculpe Danny não quero ser rude, mas preciso mesmo fazer algo, você pode me emprestar o microfone e abaixar bem a musica? - pedi a ele.
- Sim claro, aconteceu alguma coisa? - perguntou ele preocupado.
- Não, não. Não se preocupe. - disse sorrindo e fechando os olhos.
Olhei para ela novamente e procurei outra menina perto dela.
- Sim, será ela mesma. - pensei.


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Continuei a dançar com meu recém descoberto parceiro de dança, Rafhael, quando a musica baixou derrepente. Todos em volta começaram a reclamar.
- Me desculpe a todos, mas a algo que eu gostaria de falar.... - disse uma voz conhecida ao microfone.
- É o Tomas lá em cima? - perguntou Rafhael.
- Sim acho que sim. - falei.
- O que ele está fazendo ali? - pensei.
- Então como já falei tenho algo importante a dizer eu queria simplesmente declarar uma paixão platonica de meses em relação a uma pessoa. - continuou Tomas dizendo.
- Ae Tomas, vai lá ! - disseram alguns meninos ao fundo.
Senti-me toda arrepiada, com uma dor fraca porém irritante na barriga e minha pressão parecia que havia caido derrepente.
- Eu te amo... Jully. - completou ele me desiludindo de tudo que passamos, de minhas esperanças, meu acertos e nossos quase dois beijos.

(ps:. varios erros a serem corrigidos)

SPEECHLESS - O OUTRO MUNDO / © COPY RIGHT - 2010