Capítulo 4: Um sonho



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Enquanto eu como sempre uma das últimas a sair, ainda estava dentro da escola esperando um espaço entre as pessoas para poder sair, quando senti alguém me cutucar no ombro, virei e lá estava Stefanni com os braços abertos.
- Feliz aniversário! –falou enquanto eu cedia ao seu desejo de querer me abraçar.
- Obrigada. –disse com a voz quase não saindo por estar sendo praticamente esmagada.
- Te procurei no recreio, mas não te encontrei... –ela dizia quando foi interrompida por mim.
- É que eu estava com a Charly. –disse rapidamente.
- Eu sei, eu já ia chegar nessa parte. –respondeu rindo. – A Charly comentou. –complementou.
- Desculpa. – disse sem graça.
- Que isso... – ela disse ainda rindo.
- Você vai hoje ao cinema mesmo? - perguntou.
- Vou sim! –falei determinada a seguir o que eles quisessem.
- Eu não sei se vou poder, meu pai está meio chato essa semana. – explicou.
- Stefanni, é a comemoração no meu aniversário... sem você vai ser uma comemoração normal... tipo... sei lá... a felicidade de termos passado de ano. –disse simulando a expressão e a voz de alguém indignado.
- Eu sei... mas o que eu posso fazer? Eu ainda nem se quer falei com ele, depois que eu falar te aviso ou peço pra Tiffane te avisar. – ela disse.
- Ok, mas seja bem convincente, tudo bem? – disse rindo.
Enquanto isso vi Tomas passando.
- Isso você nem precisa falar Clair. -falou rindo
- Irmãzinha, você vem? – disse Tomas acenando.
- Já estou indo! – gritou no corredor que já estava praticamente vazio. – Ele sabe que eu odeio quando ele me chama assim. – falou para mim.


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- É melhor você ir lá irmãzinha. – disse rindo.
- Há!Há! - ela disse rindo falsamente. -Que graça.- disse rindo de verdade.
Stefanni foi até o seu irmão que estava logo em frente e virou, dizendo:
-Tchau Clair, até mais tarde.
Na hora Tomas fez uma cara de preocupado misturado com susto e começou a conversar com Stefanni em uma altura baixíssima. Após um tempo ele sorriu pra ela apenas com os lábios fechando os olhos como sempre faz e balançou a cabeça enquanto ela falava. Os dois pararam a conversa e ele falou para mim:
- Tchau, Clair. Até amanhã.
- Tchau! – respondi.
Os dois viraram novamente e saíram da escola de mãos dadas. Fui andando para a escada com o livro de história na mão. O professor tinha passado lição para amanhã.
- Ninguém merece ter que fazer tanta lição no dia do aniversário. –pensei olhando pro livro.
O caminho para casa foi calmo, poucas pessoas pegam o mesmo caminho que eu, ninguém que eu conheça. As ruas de Lightville têm bastantes árvores nos quintais e nas calçadas. Por isso é sempre úmido aqui.
- Cheguei à minha quadra e estranhamente Sra. Mariah não estava na varanda de sua casa com seu cãozinho. Passei pelo portão e vi um bilhete no chão perto da porta, ele estava dobrado de um jeito que não dava para ver o que estava escrito. Peguei-o e abri.
“Clair, arrumei a porta da frente, Pai.”
Achei estranho, com a mão direita procurei a chave da porta que há muito tempo não uso no molho de chaves que ainda estava na minha mão desde quando fechei o portão. Enfiei a chave no buraco girei a chave e a maçaneta ao mesmo tempo uma com cada mão e abri a porta. Há muito tempo não via a sala de estar daquele ângulo, coloquei o livro do lado de outros livros em uma mesa encostada na parede da sala. E subi


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 a escada cansada. Já em cima fui ao banheiro e tomei banho com a porta aberta atenta ao barulho do meu celular ou do telefone. Mas, terminei o banho e não escutei nada. Fui ao quarto enrolada na toalha e me troquei. Desci com a toalha no ombro, dei a volta indo para cozinha e abri a porta reparando novamente que estava em ótimas condições, fui diretamente para o varal metálico que fica no final do quintal focando minha visão em uma única direção. Estendi a toalha sentindo sono, voltei para casa e fechei a porta. Fui para sala, sentei no sofá e olhei para a televisão.
- Não quero assistir TV. – pensei.
Olhei o notebook em uma mesinha de centro entre a televisão e o sofá, e liguei-o. Como sempre demorou a ligar totalmente, assim que ligou percebi que não tinha nada que eu pudesse fazer na internet. Não querendo desperdiçar o computador ligado entrei em um programa de mensagem instantânea o U-fade, mas Tiffane não estava on-line. Deixei o computador ligado e com o U-fade aberto esperando que Tiffane entrasse em cima da mesma mesa que estava antes. Olhei para a estante do lado da televisão e levantei, fui até ela procurando um livro que me interessasse, mas nenhum parecia legal, eu nunca fui de ler livros a menos que algum professor me obrigasse então o titulo teria que ser bem convincente. Fui olhando de cima para baixo da esquerda para direita em cada prateleira. Na penúltima prateleira encontrei um que me interessou, se chamava “A vida secreta das florestas”, um livro aparentemente legal pela capa. Já com ele em mãos, voltei e sentei no sofá. Abri ele, as páginas eram todas enfeitadas por trocos dourados que se conectavam formando um retângulo em volta do texto. Fui diretamente para a sinopse, antes de começar a ler lembrei que esse livro fora me dado por Tiffane e realmente o título é bem a cara dela. Voltei a me concentrar na sinopse.


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“Imagine um mundo onde tudo que é mítico e mágico acontece, vive, respira, nos ajuda, nos assombra, nos aterroriza, e até nos mata... Eu não imagino, muito menos penso ser verdade, eu creio. Não é um tipo de crença ou religião, muito menos sou louca. Digamos que eu apenas os vejo... Posso velos correndo, saltitando, destruindo, causando caos, mas sempre despreocupados... Complexos em sua pura simplicidade. Obviamente eu nunca falei com um deles, muito menos dei um sinal de que os via, até porque, não é sempre que os vejo, são como momentos, e sempre quando eles acontecem sinto como se fosse um deja vu ou algo parecido, eu não sei explicar muito bem. Só sei que tudo isso só aconteceu depois daquele dia fatídico.”
Por um motivo desconhecido me interessei e comecei a ler. Quando terminei de ler o quarto capítulo vi a hora, eram 5 p.m. e nada de Tiffane. portanto continuei a ler. O livro era muito bom, primeiramente contava a história de uma menina que sempre via vultos amarelos desde muito pequena e sempre tinha medo, mas que nunca contou a niguém, logo após aparece a mesma menina já adulta, mas que continuava vendo esses vultos. Porém já sabiam muito bem o que eram, ela considerava-as criaturas mágicas. Já no quarto capítulo ela se perde em uma floresta que dizem ser mágica e pela primeira vez ve as criaturas com nitídez muitas eram simpaticas e se aproximavam e outras fugiam de susto... eu só havia lido até essa parte.
Quando retomei a ler, antes da segunda palavra meu celular tocou... ele estava no meu quarto sai correndo pela escada, entrei no meu quarto e peguei meu celular que parou de tocar e vibrar assim que o toquei, olhei para a tela e estava escrito 134 chamadas perdidas. Meu celular caiu no chão, junto com tudo a minha volta. Estava na escuridão completa, fechei os olhos e quando eu os abri novamente conseguia ver  algumas siluetas negras iluminadas apenas pela fraca luz da lua, que estava bem acima de mim, havia árvores por todos os cantos ou melhor siluetas delas, quando avistei duas sombras se mechendo.


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- Você pretende me seguir até quando? - a sobra de um jovem, com a voz calma disse.
- Até quando você resolvesse finalmente falar comigo. - a sombra de uma jovem retrucou, também com a voz calma, porém com um tom de disfarce.
-Você não acha que essa conversa deveria esperar mais algum tempo? Alias, esse não é um bom local. - A sombra masculina perguntou se referindo a floresta onde se encontrava.
- Você não acha que já esperamos de mais? - novamente a sombra feminia retrucou.
- Dois anos. - A sombra masculina completou.
- Sim, há dois anos que você me engana. - A sombra feminina disse quase revelando o verdadeiro tom de odio em sua voz.
- Quem mais sofreu durante esses anos foi eu, aliás você nem sabia quem eu realmente era. Continuei te amando, mas era obrigado a esconder. - A sombra masculina tentou se explicar.
- Você acha realmente que pode falar sobre sofrimento? - A voz da sombra feminina finalmente revelou seus verdadeiros sentimentos, assim gritando, porém ainda sofrendo.
A jovem nervosa porém sofredora, estendeu a mão permanacendo a fechada, no exato momento em que ela a abriu uma cortina de fogo de espalhou em direção a sombra do jovem. Que por sua vez simplesmente estralou os dedos, instantaneamente a enorme quantidade de fogo criada pela mão da sombra feminina se congelou e a mesma que estava suspensa ao ar caiu e se partiu em varios pedaços.


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- Você ainda me subestima? - A sombra do jovem disse.
- Você ainda me subestima? - A sombra femina repitiu, tranformando os varios pedaços de de gelo em água apenas fechando a mão que estara aberta.
Ela desceu o braço, enquanto isso a grande poça começava a flutuar e ir em direção a ela. Se concentrando novamente usou a mesma mão, que ainda estava abaixada e levantou um dedo, o suficente pra disolver completamente a água que estava atrás dela, a água se transformou em vapor e se espalhou rapidamente pelo local, a pressão estava aumentando cada vez mais enquanto a sombra masculina, sentia-se cada vez mais pesada, então com um tom de desgosto disse:
- Evigilo ... - e mais alguma palavra que não foi possivel escutar.
Em menos de um segundo um arco feito inteiramente de gelo se materializou nas mãos da sombra masculina, após um grande feixe de luz azul. Ele disse:
- Parabéns, você me fez chegar a um nível que eu não queria! - rapidamente ele correu até ela em uma velociade indescritivel e deu um passo para trás, preparou o arco que estava segurando com a mão direita e mesmo com a forte neblina atrapalhando a visão, atirou contra ela. Ela congelou, ele olhando atentamente disse em um tom elevado:
- Isso não me engana.
O gelo quebrou e se dividiu em varios pedaços, derrepente a sombra feminina apareceu e se multiplicou por onze. A neblina ficava cada vez mais densa em consequencia do aumento cada vez maior da pressão, mesmo assim a ele parecia conseguir ver todas as onze sombras, foi rápido, e menos de um minuto as dez sombras foram congeladas e destuidas, só faltava a última, a verdadeira.



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Localizando-a rapidamente a prendeu do chão até a virilha congelando-a, mas ela desapreceu no mesmo momento. A sombra feminina apareceu atrás de uma das várias árvores e disse:
- Você já deveria saber que um bom truque se faz distraindo atenção...
E completou dizendo pausadamente:
- Evigilo... Eva.
Uma luz verde e extremamente forte a ponto de cegar se fosse olhada diretamente se estendia da mão que ela ainda não havia usado até o braço. Assim que a luz cessou, ela rapidamente chegou perto dele em uma velociade tão impressionante quanto a do mesmo. Ele escapou, e soltou uma enorme quantidade de flechas congeladas, tudo que elas tocavam congelavam intanteneamente e era destruido, a pressão que a sombra feminia usou fortalecia cada vez mais as flechas de gelo. Vendo a desvantagem a sombra feminina se afastou colocando a mão no chão e estendeendo varias paredes de terra em sua volta, ajoelhoeu encostou o dedo indicador no solo e sussurrou:
- Eva.
Uma árvore nasceu entre as paredes de terra. A jovem transpassou a mão dentro do tronco como se não houvesse nada, enquanto isso as paredes de terra começavam a ceder pelas flechas. Após um tempo a jovem trirou a mão de dentro da árvore revelando uma lâmina que iniciava no corpo de metal que cobria seu braço até aproximadamente vinte centímetros depois de sua mão. Assim que as paredes cairam ela apareceu na frente do jovem que tinha parado de atirar. Ele deu um passo para trás e correu para atrás de uma árvore quando saiu de trás dela arco havia sumido


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e o seu braço havia se transformado em gelo, porém com um lamina igual a da jovem. A jovem o atacou e ele se defendeu, se apoiou na árvore e correu em alta velociade para frente tentando escapar porém a jovem o perseguia em uma velocidade equivalente, os dois se atacaram mas em uma velocidade tão grande que apenas os impactos das lâminas podiam ser vistos.Finalmente a luta cessou porém a jovem estava com a sua lâmina no pescoço do jovem que não tinha como se defender pois ela estava segurando o braço congelado dele. Se vendo em uma situação inferiorizada  ele disse:
- Você ainda acha que essa lâmina pode me ferir?
- Essa nunca foi a minha intenção. - a jovem disse com uma lagrima escorrendo em seu rosto.
Sem pensar no que poderia acontcer, ela abaixou a mão e disse:
- Dormitare.
O corpo de metal juntamente com a lâmina desapareceram após um forte feixe de luz verde, no exato momento ela ultrapassou os poucos centimetros de distância entre o jovem e o beijou, encostando lentamente os seus labios nos dele, e ele aparentemente forte porém fragil por dentro, disse:
-Dormitare.
Também livre de qualquer coisa que pudesse machuca-la lentamente colocou os braços nas costas da jovem e cedeu ao beijo**.
Nessa hora tudo começou a ficar preto, acordei estava deitada no sofá com o livro em cima de mim. Levantei e subi a escada, dessa vez a real, fui no meu quarto e tinha 3 chamadas perdidas de Tiffane, aproveitei e olhei o relógio, eram 7 p.m., liguei de volta pelo


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telefone que fica ao lado da escrivaninha. Digitei os números, não precisei esperar muito.
-Alo, quem é? - perguntou a mãe da Tiffane.
-Oi, senhora Tyfuan posso falar com a Tiffane? -perguntei.
Tiffane tem alguns traços japoneses, sua mãe é descendente direta.
-Tudo bem Clair já vou passar!- respondeu.
Ao longe ouvi pelo telefone a mãe de Tiffane gritar:
- Filha, telefone para você atende ai em cima.
- ...tendi mãe.- ouvi Tiffane falando com sua mãe com o telefone próximo.
Logo após ouvi um som de telefone sendo colocado na base.
-Alo!?-disse. - Quem é? - perguntou me cortando quando ia responder.
-Sou eu, Clair. -falei.
- Se arruma que vamos sair daqui a pouco. - ela disse rápido em um tom desesperado.
- E a Stefanni? - quis saber.
- Ela insistiu até o pai dela deixar, e ele vai viajar sem ela. -ela respondeu.
- Sério? -perguntei fingindo estar surpresa.
- Sim, mas ele ainda vai viajar hoje, então vamos ter que pegar a Stefanne na casa dela.- explicou-me. - Então pedi para minha mãe, e ela vai nos levar. - disse ela feliz.
Na hora percebi a conecção, mas fiquei surpresa com o plano deles.
- Que horas é a sessão?- perguntei querendo saber se ela tinha pesquisado.
- Oito e meia. - ela respondeu.
- Mas, agora são sete. -falei de um jeito que transmitisse tempo de sobra.
- Porém como pai da Steffani vai viajar ele só vai deixar ela ir se nós chegarmos enquanto ele estiver lá.- explicou. - Ele vai sair sete e meia. - me informou.
- Mas, eu vou com que roupa? - disse arriscando.
- Eu que vou saber, contanto que vá vestida.- respondeu rindo.


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- Ok, então. - ri também, mas na verdade estava preocupada.
- Que horas você vai passar aqui? -perguntei ansiosa.
- Em uns dez minutos. -respondeu.
- Então vou me arrumar, tchau. - disse desesperada.
- Não vai dar tempo. - pensei.
Fui para o banheiro e tomei outro banho, aliás depois que acordei estava extremamente suada. Tomei um banho muito mais que básico. Sai do box enrolada na toalha e escovei os dentes, passei pela porta com os pés ainda molhados pelo chão de madeira, sentia que iria escorregar a qualquer momento, mas isso era o menor dos meus problemas naquela hora. Cheguei em meu quarto, me sequei direito e me vesti casualmente.
Voltei ao banheiro, abri o pequeno armário branco do lado do espelho na mesma parede da pia, lá estava minhas maquiagens, com cautela me maquiei. Assim que terminei sai do banheiros e desci a escadaria, na sala coloquei meu tênis mais lindo e novo sentada no sofá. Quando terminei de os amarrar olhei para mesinha de centro dando de cara com o notebook que ainda estava ligado quase sem bateria. Com o mouse em mãos fechei o U-fade que ainda estava aberto e entrei no site do cinema que supostamente íamos, olhei na sessão de hoje no horário de oito e meia e lá estava "O chamado ao terror extremo".
- É serio isso? -pensei. - Se nós fôssemos no cinema iríamos comemorar meu aniversário assistindo um filme de terror? - perguntei a mim mesma totalmente inconformada.
- Desliguei o computador, deixando-o sobre a mesa novamente. Olhei para o lado sentada no sofá novamente e vi o livro aberto na página 105, onde havia parado. Peguei-o, após,  o fechei, levantei, fui até a estante de livros e o coloquei no exato lugar.


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Em um canto, onde ainda não havia visto da mesma estante, tinha um livro com aparência de velho, com um "S" apagado em sua lombada, tirei-o da prateleira e na capa  bege e dourada havia um nome meio apagado "Speechless - O outro mundo" o abri procurando alguma sinopse, mas não havia nada, era um livro bem grosso e pesado mas não havia na escrito, sem autor, sem sinopse, sem história, sem nada. Folheie-o varias e varias vezes querendo encontrar alguma coisa escrita, e em uma delas encontrei, era uma página confusa, tinha algo escrito, mas estava embaçado de um jeito que parecia que não eram as palavras que estavam embaçadas e sim a visão de quem olhava para elas. Fechei o livro rapidamente.
- Chega de bizarrices por hoje. - falei alto mesmo sozinha.
Coloquei-o na estante onde estava antes.
- Que livro é esse? -pensei.
Nessa hora ouvi uma buzina de carro. Sai desesperada ignorando o estranho livro e deixando em casa meu celular sem perceber, sai pela porta da frente já vendo o carro  sedan preto da mãe de Tiffane na quadra da frente. Abri o portão, passei pelo mesmo e o tranquei. Quando atravessava no meio da rua, a  janela de trás do carro se abriu revelando Chris que gritou assim que percebeu que eu estava olhando para ele:
- Vem logo! Corre! Faltam 5 minutos para o pai da Steffane sair.
- O tempo passou tão rápido assim? - pensei.
- Vamos... - ele repetiu.
Sai correndo mas a calça skiny estava me matando. Cheguei no carro, abri a porta e entrei.
- Desculpa Clair, acabei me atrasando. - disse Tiffane assim que fechei a porta.
Enquanto isso a Sra Tyfuan acelerava o carro.
- Não peça desculpas para mim, aliás é a Stefanni que pode se prejudicar. - disse rindo e entrando na peça de teatro.
Os dois riram.
- Realmente. - disse Chris ainda rindo.
- Oi, Sra Tyfuan! - disse contente.


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- Oi , Clair. - disse ela virando o rosto para mim enquanto continuava acelerando.
- Mãe, presta atenção na rua. - Tiffane a repreendeu.
- Não tem nem se quer tem carros na rua e o caminho é reto. - respondeu a mãe de Tiffane, voltando a olhar para a rua.
- Mas todo cuidado é pouco , mãe. - disse Tiffane.
- Realmente, hoje não é um dia bom para acidentes de carro. - pensei concordando com Tiffane.
- Então, que filme vocês vão ver? - perguntou a Sra Tyfuan para todos.
Não tinha idéia se ela realmente não sabia da festa ou simplesmente estava atuando também.
- Provavelmente atuando.- pensei.
- "O chamado ao terror extremo". -falei.
- Vocês vão ver um filme de terror para comemorar seu aniversário? - perguntou a mãe de Tiffane fingindo estar indignada e ainda olhando para frente.
- Realmente, ninguém merece. - concordei em meus pensamentos.
- Isso é normal hoje em dia,  Sra Tyfuan. -respondeu Chris.
- Não é não. - discordei plenamente em minha mente.
Eu só não estava preocupada, porque já sabia da verdade, porém se achasse realmente que fôssemos para o cinema assistir um filme de terror acho que desistiria, aliás a minha vida já estava estranha de mais. Sonhos estranhos e livros esquisitos é uma combinação que já me fazia sentir medo suficiente.
- Então está bem... vocês que sabem. - a mãe de Tiffane falou.
Chegando perto da casa de Stefanni pude ver aquela casa que não chegava a ser uma mansão, porém era muito grande. Era cercada  em 180º graus por um imenso bosque que cortava Lightville e que a dividia da cidade vizinha, não possuindo assim vizinhos nas laterais, apenas cercas altas de metal que separavam o


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terreno da casa da floresta. Assim que chegamos descemos do carro enquanto a mãe da Tiffane continuava no carro para supostamente nos levar ao cinema. Cheguei ao portão, era muito alto e feito de barras de metal que cresciam a medida que se aproximavam do centro.
-Tem alguma campainha, ou algo assim? - perguntou Tiffane, com a face impressionada com a casa de Stefanni.
Entre a porta e a cerca existia um pilar de cada lado, em um deles reparei que tinha uma câmera com uma luz vermelha que piscava. 
- Olha lá! - disse Tiffane. - Tem alguém ali.- completou apontando para o vulto.
Realmente, através das barras além do grande jardim de flores e arbustos  que estava intensamente iluminado  por pequenos e vários canhões de luz bem lá no fundo, quase que imperceptível tinha alguém saindo da casa e se aproximando. 
- É... ele não vai chegar aqui tão cedo nessa velocidade. - disse Chris.
Estranhamente  o "alguém" parou, mesmo de longe dava para perceber que não era Stefanni. O portão se abriu, entramos. 
- Vamos, Clair!- disse Tiffane correndo com Christian.
- A minha calça não deixa! - disse, porém acho que não alto o suficiente para eles pudessem ouvir na distancia que já se encontravam.
Corria e parava a medida que a calça machucava, passei entre o lindo jardim de flores brancas e vermelhas que formavam um quadro abstrato em meio o gigante jardim que era dividido em dois pelo caminho para chegar a casa.
- Finalmente, Clair! - disse Tiffane.
- Boa noite madamas e senhor. - disse o homem que tínhamos visto ao longe e que estava se aproximando em meio a escuridão da noite.


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Era um senhor, magro e alto, de cabelos brancos que vestia um paletó preto e branco.
- Boa noite.- respondi assustada.
- Meu nome é Adam, o mordomo da familia Shepard. - ele se apresentou.
Tiffane que estava tão assutada quanto eu mudou de expressão, parecia completamente impressiona, e ficou cutucando o mordomo com um único dedo.
- O que é isso Tiffane? - perguntou Chris inconformado.
- Mordomos são legais. - respondeu ela com os olhos praticamente brilhando.
- Sempre achei que Tiffane tinha alguns problemas, mas isso prova que eu tenho razão. -pensei na hora.
- Senhorita por favor pare de me cutucar.- O mordomo disse direcionando um olhar frio para Tiffane. - Me sigam por favor, irei leva-los até a senhorita Shepard. - falou enquanto virava e ia em direção a casa.
Nós já estavamos bem perto da casa então, seguimos ele.
- Senhorita Shepard seria a Stefanni? - perguntou Chris sussurando em meu ouvido.
- Claro, Chris. - respondi.
Em frente a grande escada larga e acinzentada que levava até a porta da entrada, olhei para cima totalmente impressionada, a casa era muito maior de perto e as estrelas e principalmente a grande lua cheia  iluminavam-a de um jeito que  ficava mais linda ainda. O mordomo subiu a escada e esperou que nós chegássemos, subi antes dos outros que assim como eu estavam olhando para cima, assim que pisei no ultimo degrau, meu corpo começou a tremer de nervoso.
- Assim, que ele abrir a porta... - fui cortada pelo rangido da grande porta que estava sendo aberta por Adam.
- Por favor entrem. -disse ele enquanto a porta revelava um grande feixe de luz branco.
Sentia um frio na barriga irritante por ansiedade. Fechei os olhos e quando os abri

SPEECHLESS - O OUTRO MUNDO / © COPY RIGHT - 2010